terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Retrospectiva 2009

Exposições realizadas através do Edital 2009



"Ambiente Natural"
Agosto/2009
Diogo Vianna Ulisses Parente Adriana Chagas



"Metro Quadrado"
Setembro/2009
Raphael Moreno





Você cidadão, que segue sua vida rotineira: acordar, levar as crianças na escola, o trabalho, a hora do almoço, o trânsito, a correria, o calor, ruas esburacadas e todo um rol de fatos de deixar a pessoa estressada e fatigada.
Esta vida corrida, este cotidiano, não permite uma olhada para o lado, uma espiada pela janela do carro, nos cantos da cidade; não se assuste! muito lixo, muito lixo, muito lixo...
Mas, respire, espreguice-se, feche e abra os olhos, lembre-se da sua infância, da sua vó, das suas brincadeiras, do cheiro da casa, do cheiro do seu quarto, a comida gostosa e um montão de coisas de você sente saudade, em qualquer idade.
Não, não vamos nos colocar no lugar comum e fazer mais uma vez a relação com a poesia concreta Lixo X Luxo dos irmãos Campos. Hoje não. Hoje a palavra é MEMÓRIA.
LEMBROU DE TUDO?
Quando precisamos falar de obra de arte logo procuramos linha do tempo – quando foi?, escola – em que época?, características para determiná-la.
Mas quero falar antes da atitude – “performance” do Rafael. Ele, artista, que olhou pela janela do carro e com muita tranqüilidade puxou pela memória e resignificou o ato.
Esta é uma obra do tempo. O tempo, do objeto, da rua, do dia, da exposição, da fotografia. O tempo ido e o de agora que resgata o momento. Neste tempo a Memória.
A memória que, na lembrança, guarda emoção, cheiro, cenário, gosto, visão.
Um objeto jogado, guarda em si as marcas, as impressões daqueles que nele se envolveram, tocaram, sentiram, ou mesmo, com ele tiveram uma íntima relação que resultou numa história.
Quando o Rafael se aproxima do objeto, este passa a ter mais uma vida, mais uma vez.
Uma memória é recriada e, no objeto, novas marcas; de mãos, de luz, de emoção.
Naquele pequeno espaço onde o objeto é encontrado, reencontrado, revisto, recriado, resignificado, resignado está..., estamos nós neste metro quadrado de nos expormos aos inelimites das memórias.
Disse Clarice Lispector: “Nunca Nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança á em carne viva”.
Eu me preservo, eu me conservo, eu sou o próprio museu de minha história e reencontro minha memória...aqui!



"O Toque da Luz"
Outubro/2009
Alexandre Dantas



Alexandre Dantas – O Toque da Luz

Luz...
O que a luz pode nos revelar? O que ela é capaz de inspirar a quem a percebe? O que define? Ou realça? Que sentimentos instiga em nosso “eu”? Como reagimos diante deles?
Todo esse questionamento nos leva a uma reflexão prazerosa ao observarmos cada obra de Alexandre Dantas, um jovem artista que se revela como autêntico conhecedor da influência e do magnetismo da luz para definir temas, formas e, principalmente, expor sentimentos vários em suas belas telas.
Entreguemo-nos ao prazer de observar, refletir e “sentir”... a luz!

Ivanir Vallinoto


O mundo cotidiano, descoberto pela luz, é profundamente misterioso. Tem aquele intrigante fastio do que já conhecemos, e carrega constantemente o contra-senso de não conseguirmos mais ver o que é demasiado evidente.
Tudo o que se conhece é tocado pela luz, ou seja, a luz do conhecimento é a condição para que saibamos a existência de algo, o que pode ser entendido como revelação, empirismo, constatação, epifania. As artes visuais sobrevivem, talvez, de uma combinação de todos estes fenômenos perceptivos, apoiadas num jogo invisível: os liames finíssimos que produzem os fótons sobre as partículas que existem entre os olhares e a imagem.
A magia, tomada de forma pura e simples, quiçá pueril, não é suficiente para explicar o que nos acontece ao olhar uma imagem – quando a olhamos atentamente, deixando-nos também ser vistos por ela. Contudo, não vivemos uma época de atenções dedicadas, e a correnteza lenta da contemplação meditativa nos parece, freqüentemente, um dinossauro cujos ossos nunca formarão um esqueleto inteligível. Nesta arqueologia improvável, poderíamos, quem sabe, encontrar numa exposição qualquer respostas imprevistas a questões esquecidas, ou indagações novas para milagres sem crédito algum. Ou pelo menos comentários melhores do que gostar ou não gostar.
É nesse âmbito que Alexandre Dantas, com a coragem ingênua das crianças que vêem o mundo pela primeira vez, com olhos novos, propõe suas imagens numa técnica por muitos considerada morta: a pintura a óleo. Na contramão das imagens digitais em high definition, Dantas, sem passadismo panfletário, ou romantismo intransigente, delineia no incenso mimético do óleo a extasia fotográfica induzida por aquela vontade ancestral de decifrar a natureza das coisas partindo de sua superfície visual. O usa (ousa?) como uma opção consciente e despreocupada, de quem prefere uma viagem de charrete, rocinando preguiçosamente ao fruir a paisagem, ao quase teletransporte de um trem-bala.
Haverá quem pergunte: por quê não usa uma máquina fotográfica, já que pretende retratar a realidade visual com tamanha precisão? Creiam ou não, ainda há mistérios maiores na vontade humana do que a eletrodinâmica quântica e o tempo que se mede em nanosegundos.

Renato Torres
Técnico em Gestão Cultural - GTB

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