sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Reverberações da Entrecorpos

Crítica publicada no blog:
http://xumucuis.wordpress.com/2010/10/06/dialogos-intertextualidades-visuais-em-%E2%80%9Crazoes-do-corpo%E2%80%9D-de-elieni-tenorio-%E2%80%9Cantes-de-ver-reveja%E2%80%9D-de-nailana-thiely-e-%E2%80%9Centrecorpos%E2%80%9D-de-artistas-pa/

Por fim, mas não definitivamente, o terceiro objeto de análise é a exposição coletiva Entrecorpos, a qual veio com texto curatorial de Luizan Pinheiro, exposta na Galeria Theodoro Braga. Os artistas, mais especificamente, que comporam a mostra foram: Paulo Wagner, João Cirilo, Eliane Moura, Dany Meireles, Joana Sena, Ilton Ribeiro, Luciana Magno, Pamela Massoud, Douglas Caleja, Luizan Pinheiro, entre outros.

Ao propor um trânsito pelo pornô-erótico do corpo, em seus rompantes de luxúria e imanência, de perversão e política trans-imagética, tudo parecia um excelente mote para o sentir estético, conforme delineado pelo excelente texto de Pinheiro (e que trazia uma característica de fluidez e descolamento, ao se apresentar circundando a exposição com sua disposição no rodapé da galeria), mas infelizmente, e digo com muito pesar, não foi o que ocorreu na prática.

Até agora não consegui digerir as obras expostas, pois, acima das tentativas, a meu ver (e muitos podem discordar, portanto comentem neste espaço), vislumbrei ingenuidade quanto à potência da idéia, aliada a uma execução técnica deficitária.

O que mais comprometeu a minha apreciação foi, sem dúvida, a quantidade de obras prensadas na Galeria Theodoro Braga e grudadas umas às outras, em virtude do pouco espaço para muita informação. Algumas, por sinal, sem uma área mais apropriada, como no caso do vídeo de Luciana Magno, foram seriamente comprometidas. E este caos, o qual pode até ser argumentado cientificamente com algum conceito pós-moderno de fugir aos padrões do cubo branco e de colocar em crise a área de exposição (pois existe conceito para tudo neste mundo), me pareceu inépcia mesmo. É aquela velha história: para desconstruir é necessário conhecer muito bem o construído, caso contrário, vemos a chamada imanência transformada em agir imaturo-estético.

A certa falta de criatividade nas obras me acertou em cheio, uma vez que me deparei com conceitos tão utilizados, clichês no sentido mais amplo. No caso da instalação de Dany Meireles, intitulada “Substantivo Feminino Espera”, não havia associação que não a de um pastiche menor com a exposição de Cláudia Leão “O Rosto e os Outros”. Cláudia, por sinal, não esgotou o tema nem o formato ao se utilizar de janelas e a poética da espera (e creio que a idéia dela nem era essa), mas o mínimo que se esperaria de uma obra “After Cláudia Leão” seria uma resignificação apontando novos rumos.

A tela “Nossa Senhora”, de Alexandre Dantas, ao parecer um exercício acadêmico, foi outro ponto baixo, baixíssimo. Não sei se havia interesse de criar uma polêmica com alguma referência religiosa numa exposição com tal tema, porém isto não ficou claro (e convenhamos, se fosse por polêmica, uma heresia na potência de “Piss Christ” (1987), do Andres Serrano seria mais interessante do que um fac-símile humilde da tela “Song of the Angels”, de William Bouguereau).

Também não poderia deixar de comentar a vídeo instalação de Pamela Massoud, intitulada “Expugnare”: uma idéia muito explorada por diversos outros artistas, como é o caso de Nam June Paik. Na obra de Massoud, a execução técnica foi menor, impregnando um viés de pouco aprimorada. A obra parece usar de uma ingenuidade ao tentar enganar o visitante mais desatento quanto à circulação do mundo das artes. Se despretensão fosse o mote, deveria haver mais pesquisa e poética visual por parte da artista.

O trípitico de Paulo Wagner também poderia ter ido além. Premiado no Arte Pará (Prêmio Aquisição) do ano passado (2009) com outro trípitico que fazia referências diretas à obra de Jenny Saville (uma observação importante que a reflexão[i] de Luizan Pinheiro não mencionou), sua pintura para Entrecorpos ousou proferir uma linha mais tensa com as obras de Willem De Kooning e Francis Bacon. Em todo caso, os pintores modernos citados buscavam o feio como forma de atingir o sublime, mas Wagner permaneceu em uma inércia instigadora (pelo menos para mim), não atingindo um único ponto, senão o da indiferença.

As únicas obras que me tiraram do lugar da apatia foram: o acertado desenho de Joana Sena, “Santa Trindade”, inteiro dentro da idéia da exposição, profano, cartunesco, estilizado; e a tela central do trípitico de Ilton Ribeiro, “Sem Título II”, mas mais por me lembrar da capa de um álbum dos Lemonheads[ii] (ainda penso que esta tela central, numa dimensão muito maior, sozinha, forneceria mais impacto – e daí meu interesse).

Em todo caso, conforme observado de maneira leve e veloz acima, as obras das exposições em foco atravessaram toda uma rede de dialogismos bakhtinianos, garantiram um cunho antropológico, reforçaram a idéia de que hoje não passamos incólumes de uma rede de informações cada vez mais densa e protética. Para o bem ou para o mal, estamos inseridos num ir e vir sem purismos, heróis, vilões.

ENTRECORPOS


entrecorpos. entre

Luizan Pinheiro

do inevitável. o corpo. entrecorpos. entreveros de corpos artísticos a depositarem no tempo e na história um lugar. composto orgânico de falas e silêncios abrigado na Galeria Theodoro Braga. inventividade coletiva a potencializar o corpo da galeria em estado de inanição dos investimentos públicos fundamentais. tra.vestidos na miséria da puta.política. explorada pelos que nada sabem do que a arte é possível. mas dada aos corpos outros. a galeria se afirma. veste-se com roupas novas para o desfile da arte. visibilidade do que o corpo instaura. da fragilidade ao insuportável. do desespero a pulsão sexual. do ambíguo ao indefinido. os micromundos estão ali a dar vida aos
sentidos. aos sentimentos. as emoções. intimista sem timidez. tosca mas cínica. débil e dinâmica. os mundos de entrecorpos disparam para vários rumos. gramática visual atravessada pela política do corpo. política do corpo atravessada pela gramática visual. produção do máximo no mínimo dos encontros. a pintura. o desenho. a fotografia. a vídeoinstalação. o verbo. as especulações metafísicas em nuanças sóbrias. o que do corpo dispara o póien numa sua deflagração qualquer. abertura para os territórios pessoais. íntimos. pornôs. eróticos. ótimos. tudo o que tem de livre nessa potência da revelação. da perversão. da ação. entrecorpos. entre.

Belém, setembro, 2010.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

CORES NO DIQUE E ATRAVES DOS OUTROS




CORES NO DIQUE / MAURÍCIO ADINOLFI
FOTOGRAFIAS / INTERVENÇÃO URBANA

ATRAVÉS DOS OUTROS/ IRLEY LEAL
ÓLEO SOBRE TELA
Horários Especiais:

Abertura: 19/07 19h

Visitação: de 20 a 26/07/2010 de 11h às 20h

de 27/07/2010 a 30/08/2010 de 9h às 15h
Bate-Papo com os artistas: dia 22/07 às 19h - na Galeria


IRLEY LEAL

Através dos Outros

‘Através dos Outros’ resgate a identidade brasileira a partir de uma celebração de suas matrizes africana, índigena e européia e a busca do artista plástico, Irley Leal, de se conhecer como artista baiano através de retratos íntimos de mulheres invisíveis e sua cultura de solidariedade, amor e cuidado, baseados nos retratos fotográficos do artista gâles, Dan Baron.

O projeto contribui com os debates sobre os efeitos socioculturais das artes e sobre a relação entre as linguagens artísticas, memória, identidade e transformação pessoal; valoriza culturas tipicamente marginalizadas pela cultura metropolitana; afirma os valores de comunidade reflexiva, solidariedade não verbal e diálogo através dos outros; e celebra os significados pedagógicos da formação auto-didata de artistas como o Irley Leal que sobrevivem e transformam preconceitos e necessidades especiais em capacidades estéticas.

As dez pinturas que compõem a obra ‘Através dos Outros’ são frutas de uma longa colaboração entre os artistas Irley Leal, de Brasil e Dan Baron, do País de Gales, desenvolvida pelo Instituto Transformance: Cultura e Educação, no Brasil. Cada pintura tem dimensões aproximamente 80cms x 120cms.
Qualquer informação sobre o projeto ou comunicação com os artistas deveria ser procurado via:

Manoela Souza
Diretora Nacional do Instituto Transformance


MAURÍCIO ADINOLFI


CORES NO DIQUE


Mostra faz parte do 7º Congresso Mundial IDEA 2010, que será realizado em Belém a partir do dia 17 de julho. O curta documentário “Do Mangue à Fé”, também do Instituto Arte no Dique, será exibido na abertura da exposição.

O projeto Cores no Dique é o tema da exposição fotográfica do artista plástico Maurício Adinolfi, que será inaugurada na próxima segunda-feira, dia 19, às 19 horas, na Galeria Theodoro Braga, em Belém. A exposição faz parte da programação do 7º Congresso Mundial IDEA 2010. Na abertura da mostra será exibido o curta documentário “Do Mangue à Fé”, co-produzido por alunos do curso de Audiovisual do Ponto de Cultura Instituto Arte no Dique e de profissionais da Universidade Santa Cecília, de Santos, litoral de São Paulo. O presidente da entidade, responsável pelo filme e pelo programa Cores no Dique, José Virgílio Leal de Figueiredo, conversará com os convidados sobre a trajetória da ONG.

A exposição “Cores no Dique” abarca todos os aspectos e andamento de um projeto de arte pública e comunitária, que é desenvolvido no Dique da Vila Gilda, uma das maiores favelas de palafitas da América Latina, localizada em Santos, desde 2009. A mostra conta com 15 fotos ampliadas, além de dois vídeos documentários experimentais sobre o projeto.

O programa, iniciado no primeiro semestre de 2009, contemplou mais de 30 barracos com madeirites novos e pintados, possibilitando um novo visual para a comunidade da Vila Gilda. O trabalho coordenado pelo artista Maurício Adinolfi contou com o apoio dos moradores.


Do Mangue à Fé, filme vencedor do 7º Curta Santos, em 2009, será exibido na abertura

O curta documentário “Do Mangue à Fé”, co-produzido pelo Instituto Arte no Dique e a Universidade Santa Cecília (Unisanta), de Santos, é um dos destaques da abertura da exposição “Cores no Dique. O filme, vencedor do 7º Curta Santos, festival realizado em 2009, mostra o cotidiano das famílias que moram no Dique da Vila Gilda, uma das maiores favelas de palafitas da América Latina.

A produção, em linha narrativa, surgiu através de um roteiro escrito pela aluna do curso de audiovisual do Arte no Dique e moradora do Dique da Vila Gilda, Talita Apolinário, que foi aprovado pelo Ministério da Cultura. Em virtude da parceria do Instituto Arte no Dique com a Unisanta, a equipe de produção foi montada pelo diretor Eduardo Rajabally, professor da faculdade.






terça-feira, 22 de junho de 2010

Terra dos Pássaros















EXPOSIÇÃO “TERRA DOS PÁSSAROS”



A Galeria Theodoro Braga, CENTUR, apresenta ao público uma viagem ao mundo dos Cordões de Pássaros, com exibição de adereços, figurinos, vídeos e fotografias.

Uma das mais tradicionais manifestações culturais do Estado, o Pássaro Junino se mantém ano após ano com fôlego renovado. Música, teatro, dança e literatura se fundem nessa expressão ligada intimamente à cultura popular paraense. A Galeria Theodoro Braga, dentro do Projeto GTB que visa a dinamização do espaço expositivo, num diálogo com a arte popular, apresenta a exposição “Terra dos Pássaros”, mostra de adereços, fotografias e vídeos desta importante manifestação folclórica tipicamente paraense.
As fantasias dos personagens, cuidadosamente costuradas e bordadas à mão pela própria comunidade, ganham vida no período da quadra junina como um dos espetáculos mais antigos da região. Os Pássaros Juninos talvez não tenham recebido nos últimos tempos a devida atenção que merecem; contudo, atravessam décadas para mostrar aos próprios paraenses que são fortes e pertencem ao Estado.
De acordo com alguns estudos, a tradição dos Pássaros como uma tradicional opereta, e mais recentemente com uma roupagem carnavalizada, é uma manifestação exclusiva do Pará. Criado por artistas populares no séc. XIX, por volta de 1877, coincidindo com a inauguração do Teatro da Paz, enquanto forma de teatro popular musicado, os Pássaros assemelham-se a gêneros franceses, como a opereta, o teatro de revista e o vaudeville. O ritmo transita entre valsa, baião, bolero, canção, mambo, marcha carnavalesca, quadrilha, rumba, samba, carimbó e outros tantos. Caracteriza-se por uma colagem de linguagens, entre sketches de teatro burlesco, números de dança, gags de humor, e números musicais, e estão divididos em dois estilos: o Melodrama Fantasia, que se adequou mais ao teatro, pois precisa ter o fechamento das cortinas; e o Cordão de Pássaros, uma forma mais carnavalizada. Mas nem sempre usam aves como símbolo: no interior do Estado, há também os chamados Cordões de Bichos.
Cerca de 21 grupos atuam na Grande Belém, segundo levantamento realizado pelo IAP – Instituto de Artes do Pará, mas existem outros em lugares como Itaituba, Região do Baixo Amazonas, Santarém, e no Marajó. Tucano, Beija-Flor, Tangará, Pequeno Guará, Tem-Tem, Rouxinol, Arara, Papagaio Real, Colibri, Sabiá, Bem-Te-Vi, Periquito, Uirapuru, Caboclo Lino Pardo, Coati, Leão Dourado, Pirarucu Encantado, Caititu, Guariba, Javali... Pássaros e Bichos que emergem da densa floresta imaginativa do povo, emoldurando em espetáculo o hibridismo de nossa cultura, fazendo de nossa terra uma Terra dos Pássaros.

Equipe GTB


Agradecimentos: a Equipe GTB agradece a inestimável colaboração de Rose Marie de Sousa Gomes, Pres. da Associação de Grupos Folclóricos de Belém, e Guardiã do Pássaro Pequeno Guará; Agenor da Silva Gomes, Guardião do Pássaro Tangará; Carlos Alberto de Souza Barbosa, Guardião do Pássaro Uirapuru; aos fotógrafos Alberto Bitar/IAP, e Elza Lima; João Cirilo, Rosa Oliveira e Computer Store.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Exposição Paná -paná

Exposição Paná-paná
Elaine Arruda -Véronique Isabelle
Galeria Theodoro Braga, no CENTUR, Av. Gentil Bittencourt, 650 (subsolo)
Vernissage dia 15 de Abril, a partir das 17 horas Visitação de segunda a sexta-feira ( 12h-18h )






Paná-paná, que na linguagem indígena significa “coletivo de borboletas”, consiste em uma instalaExposição de 15 a 30 de abril de 2010
ção criada em colaboração artística por Elaine Arruda e Véronique Isabelle.
Há cerca de dois anos, as artistas desenvolvem uma pesquisa na linguagem do áudio visual através de “Doralice” , uma câmera escura amarela, personagem elaborado e construído pelas duas. Paná-paná é uma vídeo-instalação que convida o público a penetrar em um universo de trocas, afetos e sutilezas.

"Doralice é um olho intermediário entre os nossos olhos, que nos possibilita um jogo onde defrontamos espontaneamente a realidade que nos atravessa"

Elaine Arruda e Véronique Isabelle se conheceram em 2008, em Belém, quando Véronique participou da exposição coletiva “Realidades Transitórias”, na Casa das 11 Janelas. Essa exposição foi resultado do intercâmbio entre as cidades de Québec (Canadá) e Belém. Em novembro de 2009, as artistas participaram da exposição coletiva “Saudade ou le manque habité”, no Centre d’Arts Moulin la Lorraine, em Québec.
Paná-paná é um projeto que se tornou possível pela colaboração das instituições Mangal das Garças com Pará 2000, Sol Informática e Conseil des Arts et Lettres du Québec. Agradecemos particularmente o biólogo Igor Seligmann, pela sua ajuda preciosa.



segunda-feira, 29 de março de 2010

Resultado do Edital 2010 da Galeria Theodora Braga

No dia 25 de Março de 2010, reuniu-se na Sala de Oficinas da Galeria Theodoro Braga a Comissão de Seleção do Edital 2010, para análise das propostas apresentadas. A Comissão foi composta por: João Cirilo Neto, representando o Diretor de Interação Cultural da FCPTN; Antonina Dias Matos, representante da SECULT; José Luiz Corrêa, representante da Associação dos Artistas Plásticos do Estado do Pará e o Profº Dr. em Artes Visuais da UFPa Luizan Pinheiro da Costa como convidado para compor a Comissão.

Projetos Inscritos:
1) "Binômio" - Manoel de Jesus

2) "Modos de Ser, Modos de Estar" - Grupo Igarahart

3) "Euetimiriti" - Francelino Mesquita

4) "Transitar" - Sinval Garcia (Um certo olhar)

Projeto Selecionado:

1) "Transitar" - Sinval Garcia (Um certo olhar)

Os projetos não selecionados encontram-se à disposição dos artistas na Galeria Theodoro Braga, bem como os pareceres da Comissão de Seleção referentes a cada projeto, no horário de 9.00h às 15.00h, de segunda a sexta-feira.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Abertas inscrições para Edital 2010

A partir de 12/02/2010 estão abertas as inscrições para projetos de ocupação da Galeria Theodoro Braga.

As fichas de inscrição podem ser ritiradas na Galeria Theodoro Braga no horário de 09h às 15h

Você pode baixar a ficha de inscrição e o edital 2010 aqui

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Exposição "Obrigatório o uso de Máscaras" Acervo GTB

“Obrigatório o uso de máscaras!”

Há na máscara um jogo íntimo de mostrar e esconder, latente em seus significados primordiais, que remontam aos rituais religiosos africanos, e encontra no advento da psicanálise os seus indultos e indutores.
Tornada símbolo absoluto do teatro através da binomia tragédia/comédia, a palavra latina persona significa a um só tempo tanto máscara quanto personagem, e muito tem a dizer do que somos, humanamente, através dos esquemas psicológicos da dramaturgia, que é, afinal, uma análise amplificada e/ou alegorizada da vida cotidiana. O fato é que nos mascaramos, quer seja no palco como na vida, por necessidade; uma necessidade de delimitar continentes emocionais e psíquicos, e nos paramentarmos ao embate social, na conquista de espaços, na afirmação e na busca do que somos.
Neste contexto, podemos pensar na obra de arte também como uma espécie de máscara, que contém, indelével, seu jogo de revelação e ocultamento, e que tem o papel de provocar no olhar interlocutor o estado de fruição, ou seja, de apreensão de uma determinada substância, um sumo simbólico que não diz respeito necessariamente a um significado estanque, porquanto não têm as obras a obrigação de dizerem-se unívocas: máscaras são entidades semoventes.
Ao propor uma exposição de acervo, a Galeria Theodoro Braga vem, na oportuna atmosfera alegórica do Carnaval, apresentar as obras doadas como máscaras perfiladas num salão, a dialogarem suas fantasias e verdades com o público, reinventando intenções e discursos através de suas proximidades e distâncias, num baile de identidades e transfiguração.

Renato Torres
Técnico em Gestão Cultural - GTB

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Edital 2010

Até 30 de Janeiro estaremos disponibilizando o Edital 2010 para ocupação do espaço da Galeria Theodoro Braga. As inscrições ficarão abertas por 45 dias.

Aguardem!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cores do Cotidiano - Abril/2009

Luiz dos Anjos Maiah Jair Júnior




Luiz dos Anjos, natural de Santarém-PA, autodidata, interessou-se pela pintura já aos 10 anos de idade com grande incentivo de sua mãe. Aprimorou sua técnica através de cursos de pintura e desenho e aprofundou-se Arte Contemporânea. Pesquisou os ícones da pintura como Matisse, do qual suas obras sofrem grande influência. Luiz dos Anjos utiliza a técnica Naif e tem como tema freqüente em suas obras o cotidiano popular urbano paraense com ênfase na mulher. Como técnica utiliza óleo, acrílica, aquarela, com sutis interferências de pano chita. Realizou uma individual “Traços de Família” na Galeria De La Rocque Soares – ESMAC e participou de várias exposições coletivas como “Traços de Amigos” e “Visões e Transições” no Aeroporto Internacional de Belém, “Seis Sentidos” no IPHAN, “Pátria Amada” no CCBEU, “Paixão pela Pintura” no Banco da Amazônia, “Espelho da Vida” no TRT e 6ª Mostra de Arte Primeiros Passos do CCBEU. Participou ainda do 38º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba/SP e como convidado na XXVII Edição do Salão Arte Pará 2008. Possui obras nos acervos da Estacon Engenharia S/A, ESMAC, Galeria Debret de Arte, Banco da Amazônia, Tribunal Regional do Trabalho – TRT, Associação Comercial do Pará e Banco do Estado do Pará.

A artista Maiah é natural de Soure/PA e reside em Belém, suas obras tem como tema principal o meio ambiente e o cotidiano popular do interior paraense, com suas festas e folclore. Premiada no 2º Salão da Vida – “Colorindo a Vida”, em 2007 já participou de várias exposições individuais como Dia Internacional da Mulher, no SESC/PA em 2009, “Passagem do Círio” – Hall do Magazan Doca, em 2008, “Festa da Árvore” – Museu Emilio Goeldi, em 2008 e coletivas “Olhar de cada um”, IAP, 2008, 3ª Mostra de Desenho e Pintura do Comando do 4º Distrito Naval, em 2005, “Universidarte 2005” – Faculdade do Pará FAP, em 2005.

Exposição Arquétipos Femininos

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Exposições Convidadas - Projeto GTB

Cores do Cotidiano
16 de abril a 8 de maio.
Luiz dos Anjos - Maiah - Jair Júnior




Arquétipos Femininos
Ana Wanzeler - Elieni Tenório - D'ça
13 de maio a 31 de junho





Arquétipos Femininos
A mostra reúne em 29 trabalhos na técnica de xilogravura de três artistas, Elieni Tenório, Anna Wanzeler e D’iça.
Elieni Tenório se expressa através de uma diversidade de cores e suportes, papeis e tecidos amadurecidos ao longo de sua trajetória iniciada no final da década de 80. Nesta exposição às formas se apresentam com a exuberância de linhas gráficas mapeando o corpo feminino em forma de corselete.
Ana Wanzeler encontra na miologia o simbólico de suas gravuras, onde percorre os vários perfis femininos como guardiã do germe da vida em toda a sua multiplicidade.
D’iça como em um sonho onde todos os personagens é exatamente ela própria, expressa em sua forma figurada colocando-se no centro das sensações, táteis com a natureza.

Matrizes urbanas
Egon Pacheco
Resultado da Bolsa de Pesquisa do IAP







terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Retrospectiva 2009

Exposições realizadas através do Edital 2009



"Ambiente Natural"
Agosto/2009
Diogo Vianna Ulisses Parente Adriana Chagas



"Metro Quadrado"
Setembro/2009
Raphael Moreno





Você cidadão, que segue sua vida rotineira: acordar, levar as crianças na escola, o trabalho, a hora do almoço, o trânsito, a correria, o calor, ruas esburacadas e todo um rol de fatos de deixar a pessoa estressada e fatigada.
Esta vida corrida, este cotidiano, não permite uma olhada para o lado, uma espiada pela janela do carro, nos cantos da cidade; não se assuste! muito lixo, muito lixo, muito lixo...
Mas, respire, espreguice-se, feche e abra os olhos, lembre-se da sua infância, da sua vó, das suas brincadeiras, do cheiro da casa, do cheiro do seu quarto, a comida gostosa e um montão de coisas de você sente saudade, em qualquer idade.
Não, não vamos nos colocar no lugar comum e fazer mais uma vez a relação com a poesia concreta Lixo X Luxo dos irmãos Campos. Hoje não. Hoje a palavra é MEMÓRIA.
LEMBROU DE TUDO?
Quando precisamos falar de obra de arte logo procuramos linha do tempo – quando foi?, escola – em que época?, características para determiná-la.
Mas quero falar antes da atitude – “performance” do Rafael. Ele, artista, que olhou pela janela do carro e com muita tranqüilidade puxou pela memória e resignificou o ato.
Esta é uma obra do tempo. O tempo, do objeto, da rua, do dia, da exposição, da fotografia. O tempo ido e o de agora que resgata o momento. Neste tempo a Memória.
A memória que, na lembrança, guarda emoção, cheiro, cenário, gosto, visão.
Um objeto jogado, guarda em si as marcas, as impressões daqueles que nele se envolveram, tocaram, sentiram, ou mesmo, com ele tiveram uma íntima relação que resultou numa história.
Quando o Rafael se aproxima do objeto, este passa a ter mais uma vida, mais uma vez.
Uma memória é recriada e, no objeto, novas marcas; de mãos, de luz, de emoção.
Naquele pequeno espaço onde o objeto é encontrado, reencontrado, revisto, recriado, resignificado, resignado está..., estamos nós neste metro quadrado de nos expormos aos inelimites das memórias.
Disse Clarice Lispector: “Nunca Nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança á em carne viva”.
Eu me preservo, eu me conservo, eu sou o próprio museu de minha história e reencontro minha memória...aqui!



"O Toque da Luz"
Outubro/2009
Alexandre Dantas



Alexandre Dantas – O Toque da Luz

Luz...
O que a luz pode nos revelar? O que ela é capaz de inspirar a quem a percebe? O que define? Ou realça? Que sentimentos instiga em nosso “eu”? Como reagimos diante deles?
Todo esse questionamento nos leva a uma reflexão prazerosa ao observarmos cada obra de Alexandre Dantas, um jovem artista que se revela como autêntico conhecedor da influência e do magnetismo da luz para definir temas, formas e, principalmente, expor sentimentos vários em suas belas telas.
Entreguemo-nos ao prazer de observar, refletir e “sentir”... a luz!

Ivanir Vallinoto


O mundo cotidiano, descoberto pela luz, é profundamente misterioso. Tem aquele intrigante fastio do que já conhecemos, e carrega constantemente o contra-senso de não conseguirmos mais ver o que é demasiado evidente.
Tudo o que se conhece é tocado pela luz, ou seja, a luz do conhecimento é a condição para que saibamos a existência de algo, o que pode ser entendido como revelação, empirismo, constatação, epifania. As artes visuais sobrevivem, talvez, de uma combinação de todos estes fenômenos perceptivos, apoiadas num jogo invisível: os liames finíssimos que produzem os fótons sobre as partículas que existem entre os olhares e a imagem.
A magia, tomada de forma pura e simples, quiçá pueril, não é suficiente para explicar o que nos acontece ao olhar uma imagem – quando a olhamos atentamente, deixando-nos também ser vistos por ela. Contudo, não vivemos uma época de atenções dedicadas, e a correnteza lenta da contemplação meditativa nos parece, freqüentemente, um dinossauro cujos ossos nunca formarão um esqueleto inteligível. Nesta arqueologia improvável, poderíamos, quem sabe, encontrar numa exposição qualquer respostas imprevistas a questões esquecidas, ou indagações novas para milagres sem crédito algum. Ou pelo menos comentários melhores do que gostar ou não gostar.
É nesse âmbito que Alexandre Dantas, com a coragem ingênua das crianças que vêem o mundo pela primeira vez, com olhos novos, propõe suas imagens numa técnica por muitos considerada morta: a pintura a óleo. Na contramão das imagens digitais em high definition, Dantas, sem passadismo panfletário, ou romantismo intransigente, delineia no incenso mimético do óleo a extasia fotográfica induzida por aquela vontade ancestral de decifrar a natureza das coisas partindo de sua superfície visual. O usa (ousa?) como uma opção consciente e despreocupada, de quem prefere uma viagem de charrete, rocinando preguiçosamente ao fruir a paisagem, ao quase teletransporte de um trem-bala.
Haverá quem pergunte: por quê não usa uma máquina fotográfica, já que pretende retratar a realidade visual com tamanha precisão? Creiam ou não, ainda há mistérios maiores na vontade humana do que a eletrodinâmica quântica e o tempo que se mede em nanosegundos.

Renato Torres
Técnico em Gestão Cultural - GTB