quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Maria do Grão



A cidade, imaginada pelas palavras de quem a conta, concorda com suas crianças e seus anciões. Jamais será apenas uma
estrutura de avenidas e habitações, nunca reduzida ao torvelinho de seus acontecimentos cotidianos, e nem ao menos
empresilhada nos pomposos alfinetes dos fatos históricos catalogados. Ítalo Calvino em As Cidades Invisíveis, diz que uma
cidade não conta o seu passado, «ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos
das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.»
. Esta
escrita do tempo encontra sua tradução no esperanto imaginário de seus artistas, que a sonham e a recontam de diferentes
modos, acrescentando-lhes características e ânimas específicas, conjuradas em suas próprias jornadas desbravadoras, em suas
epifanias particulares.
Desse modo, a reinventam e reconstroem seu passado, porque cada obra de arte é um testemunho de seu tempo, um grão
acrescentado na seara simbólica, ou na ampulheta remanejada. As cidades de Calvino têm nomes de mulher, e Belém só poderia
ter um nome: Maria. Maria do Grão - esta mínima partícula originária, e também a substância feminina que demarca a fluidez
de seu planisfério peninsular.
Nos 395 anos da cidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará, a Galeria Theodoro Braga traz a público as histórias
imaginadas de seus viajantes, os artistas que a habitam/habitaram, os que passaram por ela, e que deixaram cá suas impressões.
São fotografias, esculturas, pinturas, desenhos que reencontram ambiências, memórias, paisagens sonhadas, esquinas adivinhadas.
Uma cidade visível revelada através do olhar de quem a imaginou.
Equipe GTB

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Quando a Luz chegar / "Quand viendra la lumière”

Quando a luz chegar

"Quand viendra la lumière” est premièrement un témoignage photographique sur l'arrivée de l'électricité dans les campagnes brésiliennes. Réalisé entre 2004 et 2008, ce projet se compose de portraits, de détails, de paysages et d’intérieurs de foyers de l'Etat de Rio bénéficiaires du programme «Luz para todos » initié par le gouvernement brésilien. Les photographies racontent des histoires de vies suspendues à un fil électrique. A Paraty ou Macaé, on croise des envies de progrès dans les vies rurales rythmées par le soleil et le labeur du travail aux champs. Une deuxième série d'images place en vis-à-vis le passage de “l'avant” à “l'après” électricité. Un troisième regard pénètre des univers électrifiés. Tant dans les paysages que dans les maisons, apparaissent des signes de transformation, de confort et de progrès enfin réalisé. Mais s’illustrent aussi les limites de cette nouvelle modernité. En contrepoint à cette diversité rurale, une dernière partie explore des univers électriques clandestins dans les favelas de Rio. Témoins du changement radical qui s'opère dans les campagnes, ces images de lumière éclairent notre regard sur un monde qui s'électrifie.



"Quando a luz chegar" é primeiramente um testemunho fotográfico sobre o esperado advento da eletricidade no Brasil rural. Produzido entre 2004 e 2008, este trabalho é composto por retratos, detalhes, paisagens e o interior das casas do Estado do Rio de Janeiro beneficiadas pelo programa do governo brasileiro “Luz para todos”. As fotografias contam histórias de vidas suspensas por um fio elétrico. Em Paraty ou Macaé, depara-se com o desejo de progredir em uma vida rural ritmada pelo sol e pelo labor no campo. Em um segundo momento, uma série de imagens confronta a passagem do "antes" ao "depois" da eletricidade. Um terceiro olhar penetra o universo eletrificado. Tanto nas paisagens quanto nas casas, há sinais de transformação, conforto e progresso finalmente alcançado. Mas também são mostrados os limites desta nova modernidade. Estabelecendo um contraponto com a diversidade rural, uma última parte desta mostra explora o universo elétrico clandestino nas favelas do Rio de Janeiro. Testemunhas da mudança radical que ocorre no campo, estas imagens de luz clarificam nossa maneira de olhar um mundo que se eletrifica.





Eric Garault est né en 1975. Il collabore régulièrement pour la presse (L’Express, Le Monde, Télérama, Le Nouvel Obs…), pour des institutions publiques et pour des entreprises.

Il s’interroge sur la place de l’homme dans son environnement et aime à découvrir et comprendre le monde qui l’entoure. Il réalise de nombreux portraits de personnalités et des reportages de sociétés.

Passionné de musique, il effectue de nombreux travaux dans ce domaine dont les images sont régulièrement publiées dans la presse et donnent lieu à des pochettes de disques ou des expositions.

Au Brésil et suite à différents séjours, il a réalisé plusieurs expositions.



Eric Garault nasceu em 1975. Trabalha regularmente para a imprensa (L'Express, Le Monde, Télérama, Le Nouvel Observateur), para instituições públicas e empresas. Seu trabalho questiona o lugar do homem no meio-ambiente, uma vez que ele se interessa pela descoberta e compreensão do mundo a seu redor. Fez diversos retratos de personalidades e reportagens de cunho social. Apaixonado por música, Eric tem em seu currículo uma infinidade de trabalhos nesta área, que são constantemente publicados na imprensa e deram origem a várias capas de CDs ou exposições. Já expôs no Brasil em diferentes ocasiões.

Fonte: AF Belém