sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Exposição "Obrigatório o uso de Máscaras" Acervo GTB

“Obrigatório o uso de máscaras!”

Há na máscara um jogo íntimo de mostrar e esconder, latente em seus significados primordiais, que remontam aos rituais religiosos africanos, e encontra no advento da psicanálise os seus indultos e indutores.
Tornada símbolo absoluto do teatro através da binomia tragédia/comédia, a palavra latina persona significa a um só tempo tanto máscara quanto personagem, e muito tem a dizer do que somos, humanamente, através dos esquemas psicológicos da dramaturgia, que é, afinal, uma análise amplificada e/ou alegorizada da vida cotidiana. O fato é que nos mascaramos, quer seja no palco como na vida, por necessidade; uma necessidade de delimitar continentes emocionais e psíquicos, e nos paramentarmos ao embate social, na conquista de espaços, na afirmação e na busca do que somos.
Neste contexto, podemos pensar na obra de arte também como uma espécie de máscara, que contém, indelével, seu jogo de revelação e ocultamento, e que tem o papel de provocar no olhar interlocutor o estado de fruição, ou seja, de apreensão de uma determinada substância, um sumo simbólico que não diz respeito necessariamente a um significado estanque, porquanto não têm as obras a obrigação de dizerem-se unívocas: máscaras são entidades semoventes.
Ao propor uma exposição de acervo, a Galeria Theodoro Braga vem, na oportuna atmosfera alegórica do Carnaval, apresentar as obras doadas como máscaras perfiladas num salão, a dialogarem suas fantasias e verdades com o público, reinventando intenções e discursos através de suas proximidades e distâncias, num baile de identidades e transfiguração.

Renato Torres
Técnico em Gestão Cultural - GTB

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